quarta-feira, março 22, 2006

EXPANSÃO DOS EVANGÉLICOS VEM TAMBÉM DO DIVÓRCIO

Pesquisa aponta que separação conjugal tem levado à mudança de credo

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil trouxe uma informação que pode ser interessante para se compreender porque cada vez mais aumenta a quantidade de evangélicos no país. Pesquisa feita pelo seu Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris), divulgada na Folha na última segunda-feira (20/03), concluiu que a maioria das pessoas que terminam o casamento muda de religião. Mais precisamente falando, são, segundo a investigação (de título, “Pesquisa Mobilidade Religiosa do Brasil”), 52% dos divorciados e 35% dos separados judicialmente.
Para o estudo, grande parte das trocas acontece entre aquelas pessoas que não possuíam religião ou eram católicas e passaram a freqüentar as igrejas evangélicas pentecostais. A discordância dos princípios ou da doutrina da antiga religião foi apontada como maiores motivos da migração. Numa análise de tais informações não se pode desconsiderar que a manutenção de postura conservadora e sem sinais de mudança por parte da Igreja Católica seja um fator significativo, nas últimas décadas, para o aumento da conversão à doutrina evangélica.
A sociedade atual vive uma crise intensa de valores culturais, econômicos e religiosos que tem fragilizado instituições como a família, o casamento, o bem público... No bojo dessas mudanças é fácil perceber que as multidões que lotam as congregações evangélicas do país afora são formadas em sua maioria pelas classes populares, a classe dos “sem”. São os sem emprego, os sem saúde, e também os sem maridos e esposas, pessoas que não vêem em suas vidas uma perspectiva de mudança muito próxima.
Na verdade um indivíduo que se separa sente a necessidade de se inserir em outros espaços de convivência onde pretende fazer novas amizades e afetividades. A Igreja Evangélica acaba funcionando como um novo e agradável círculo social já que inclui em seus ritos, os encontros, festas, cultos musicais. Pesquisas como esta só fazem confirmar que a crescente adesão dos brasileiros à religião evangélica é um fenômeno que não pode ser ignorado numa análise profunda da sociedade atual.