segunda-feira, março 19, 2007

New York Times fala de "nova Inquisição" em caso Renascer

da BBC Brasil

Uma matéria do jornal "The New York Times" sobre a prisão do casal Estevam e Sônia Hernandes --líderes religiosos da Igreja Renascer acusados de transporte ilegal de dinheiro para os Estados Unidos-- fala de uma "nova Inquisição".

A expressão, utilizada por uma das filhas do casal, ecoa a opinião de evangélicos que se sentem ofendidos pela maneira como o caso vem sendo conduzido pelas autoridades e noticiado nos meios de comunicação brasileiros.

"A cobertura (da prisão) dos Hernandes e as acusações contra eles tem sido uniformemente negativa na mídia noticiosa brasileira, com muitos jornais e revistas reduzindo sua denominação a uma 'seita", atesta o correspondente do jornal, Larry Rother, evitando, no entanto, endossar ou contestar a opinião da filha.

"Um jornal até coloca o termo 'bispo' entre aspas para se referir ao casal e aos líderes da sua Igreja."

A matéria nota que as correntes pentecostais vêm ganhando não só cada vez mais adeptos, mas "riqueza e poder" no Brasil.

"Mais de 10% dos membros do Congresso do Brasil pertencem à bancada evangélica, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu seu vice de um partido dominado pelos grupos pentecostais", afirma o texto.

O advogado do casal Hernandes, que deve ser julgado em Miami no início de maio, disse ao jornal que o caso "não é uma questão religiosa, mas que envolve a mídia, e interesses políticos e comerciais".

Santidade

Matéria do jornal espanhol El País diz que o túmulo de Gabrielli Eichholz, a menina de um ano e sete meses que foi violentada, morta e deixada na pia batismal de uma igreja em Joinville, virou "um lugar de culto".

"Centenas de ramos de flores se apinham sobre o túmulo da menina. As pessoas deixam oferendas de todo tipo, inclusive uma boneca de plástico com a qual Gabrielli brincava", relata o texto.

O assassinato da menina, disse o jornal, "se somou à longa lista de episódios macabros que praticamente todos os dias emocionam o Brasil".

O El País nota que a peregrinação ao túmulo de Gabrielli levanta uma questão religiosa, já que a família dela é adventista. Protestantes não acreditam e santos e, por isso, não canonizam as pessoas, diz o repórter.

"Mas muitos dos que rezam sobre o caixão da menina são católicos e poderiam considerar a pequena como uma santa."