IGREJA DÁ LUZ VERDE AOS PRESERVATIVOS
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) aceitou ontem, pela primeira vez, o uso do preservativo para evitar o contágio da sida. A posição dos bispos portugueses foi transmitida pelo bispo de Bragança e Miranda e vice-presidente da CEP, D. António Montes, para quem “a missão da Igreja é explicar a sexualidade”, que deve ser encarada como “veículo do amor e por isso só se realiza num matrimónio heterossexual e monogâmico.

Na mesma reunião, os bispos defenderam que o ensino da Educação Moral e Religiosa Católica deve começar no Pré-Escolar e aprovaram o uso da internet como “caminho evangelizador”. A alegada violação de ‘Bibi’ por um padre não foi discutida e “uma investigação só seria possível no cemitério” [o acusado já morreu], disse o porta- -voz, D. Carlos Azevedo.
"ALELUIA"
“Aleluia!” – foi assim que o cartoonista António, que em 1993 deixou parte do País em estado de choque ao desenhar João Paulo II com um preservativo no nariz, reagiu à declaração dos bispos. “Já na altura se percebia que a Igreja não reflectia a sociedade. Foram precisos todos estes anos para o reconhecer.” António lembra que “a Igreja quis fazer um abaixo-assinado de um milhão de assinaturas. Só conseguiu 20 mil. Isso, na altura, quis dizer muita coisa”.
"TEMOS DE DEFENDER A VIDA" (D. JANUÁRIO T. FERREIRA, BISPO DAS FA)
“A teoria do mal menor tem toda a razão de ser. O fundamental é não ser infiel às convicções. A partir daí, temos de defender a vida contra a morte e a saúde contra a doença. A mim nunca me repugnou a utilização do látex, porque, afinal, é preferível usar o preservativo do que fazer um aborto. Sem dúvida.”
"PRINCÍPIOS NÃO PODEM MUDAR" (JOÃO CORREIA, PROFESSOR DE TEOLOGIA)
“A Igreja é regida por princípios sólidos e acerca dos quais não pode vacilar. No entanto, as ideias de vida que são propostas às pessoas não são, em muitos casos, fáceis de pôr em prática e é por isso que se opta pelo mal menor, uma expressão que a Igreja usa há mais de cinco séculos.”
"O QUE SE FALA NÃO É NOVO" (D. JORGE ORTIGA, PRESIDENTE DA CEP)
“A teoria do mal menor de que agora tanto se fala, em relação ao uso do preservativo, não tem nada de novo. De resto, diz-se que o assunto está a ser alvo de debate por especialistas em Roma, no Vaticano, mas não se sabe nada de concreto. Nesta altura, o que temos de fazer é esperar.”
(Matéria de Isabel Jordão, Leiria/ M.A. Extraída do site http://www.correiomanha.pt/index.asp)