quarta-feira, março 26, 2008

“Imprensa brasileira deveria assumir posição”, diz chefe de redação da Folha Universal

Da Redação
1º Cderno - Comunique-se
25.03.2008


O chefe de redação da Folha Universal, Celso Fonseca, foi o convidado na manhã de terça-feira (25/03) do Comunique-se para estrear o “Papo na Redação” em vídeo em 2008. Fonseca respondeu aos leitores em entrevista mediada pelo presidente do Comunique-se, Rodrigo Azevedo. Falou da linha editorial da Folha Universal, dos detalhes da nova redação em São Paulo, e recebeu o apoio – e também as inquietações – da comunidade jornalística.

Sobre a linha editorial do jornal, Fonseca afirmou que “sabe onde está trabalhando”. Um recado de quem sabe qual veículo chefia. “A gente evita falar de temas polêmicos à Universal”, admitiu, em resposta às perguntas de leitores e do repórter Marcelo Tavela, do Comunique-se, sobre como a Folha Universal trata de temas como o homossexualismo. E alfinetou: “A imprensa brasileira deveria ser honesta e assumir posição.” Fonseca cita como exemplo a imprensa norte-americana que tem uma posição editorial bem marcada, bem como a própria Folha Universal, postura esta que o jornalista defende.

Para Fonseca, o problema no Brasil é que os veículos não assumem uma posição. Considerando os temas mais apropriados (“família” e “ética”) para um jornal como a Folha Universal, distribuído nas igrejas, Fonseca afirma que no semanal tem toda a liberdade para trabalhar. Conta de pautas que conseguiu fazer, como denúncias sobre a retirada de moradores de rua com esguicho d’água em São Paulo e sobre tortura, que não passaria em qualquer outro meio de comunicação. “(A Folha Universal) é o veículo que tenho menos interferência editorial na minha vida”, declarou o jornalista, que tem experiências no Estadão, Jornal da Tarde, Portal Terra, revista Brasileiros, e Diário do Povo, de Campinas, no interior de São Paulo.

Conteúdo
O objetivo da redação da Folha Universal em São Paulo é preencher as 24 páginas editoriais sem a ingerência da igreja, misturar notícias de “comportamento e denúncia social”, um jornal com cara de revista.

Devido ao caráter da Folha Universal, Fonseca pretende manter uma “linha editorial neutra”, sem falar de religião ou política.

A Folha Universal tem um caderno de 24 páginas (de temas gerais) e outro de oito (caderno voltado para as informações sobre a Igreja Universal aos fiéis). É vendido a cerca de R$ 1 nos cultos. O Caderno Iurd é feito no Rio de Janeiro, com a supervisão técnica de São Paulo. Uma novidade é a mudança do editorial do bispo Edir Macedo, da página 2 do jornal, para o interior do caderno relativo à igreja.

A redação de São Paulo foi formada em janeiro deste ano. São 30 jornalistas, vindos mais da Internet. “É uma redação normal”, diz Fonseca. “Séria e jovem”, acrescentou. Celso Fonseca ainda tem pouco retorno do que o público-leitor está achando das novidades, já que não é da Universal. “O retorno é quase zero”, afirmou.

A Folha Universal circula em todo o Brasil em uma edição, em dois clichês: Brasil, às segundas, e nas capitais São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte, às quartas, com eventuais notícias mais atuais. São distribuídos 2.688.750 exemplares por semana.

Relação com Record
Celso Fonseca foi convidado por Domingos Fraga, editor do Jornal da Record, para chefiar a redação da Folha Universal em São Paulo. Em resposta à leitora Francisca Ribeiro, o chefe de redação explicou que três jornalistas da Record – Douglas Tavolaro, Domingos Fraga e Leandro Cipoloni – fizeram o projeto gráfico.

Foi Douglas Tavolaro quem sugeriu a capa sobre Lula na matéria sobre a entrada de ações de fiéis da Universal contra a Folha de S.Paulo e a jornalista Elvira Lobato, por se sentirem ofendidos pela reportagem.

Dicas para jornalistas
Para finalizar o “Papo na Redação” em Vídeo, Celso Fonseca deu dicas de jornalismo: uma boa apuração, que contempla todas as partes envolvidas na reportagem, e analisa o que é dito contrapondo com os fatos.

Justiça extingue ação de pastor contra Extra

Da Redação
1º Caderno - Comunique-se
25.03.2008



O jornal Extra e seu editor Bruno Thys estão livres de um dos processos movidos por pastores por reportagem sobre fiel que teria danificado uma imagem de São Benedito numa Igreja Católica de Salvador. A Justiça do Rio extinguiu a ação porque o pastor Oswaldo Pinto Júnior afirmou morar na Rua Progresso, em Bom Jesus de Itabapoana, onde ele entrou com a ação, mas a documentação que apresentou não dizia isso.

“Aqui, nesta cidade, não existe logradouro com o nome de Progresso. Essa rua fica, sem errar, em Bom Jesus do Norte, Estado do Espírito Santo, aliás, como faz prova a conta de fornecimento de energia elétrica da Escelsa (doc. de folha 17) juntada pelo próprio demandante”, consta na decisão do juiz Luiz Alberto Nunes da Silva, do Juizado Especial de Bom Jesus de Itabapoana.

Nunes da Silva lembrou que fatos idênticos, como a ação movida pelo pastor, têm ganhando destaque na imprensa e desencadeado diversas ações em todo o País também contra O Globo, A Tarde (BA) e a Folha de S. Paulo, “numa 'campanha movida pelo sectarismo, pela má-fé e por claro intuito de intimidação', conforme saiu no editorial publicado pela Folha (Ataque Serial, em Veja, ed.2049 - ano 41, de 27-2-2008). Tudo isso, segundo os aludidos informes, numa tentativa de instrumentalizar a Justiça, inclusive por veredas perigosas e, porque não dizer, comprometedoras do direito constitucional de acesso à informação. Essa situação, além de lamentável, não poderá ficar à margem das reflexões dos magistrados em sendo eles instrumentos do próprio Estado-democrático na composição dos litígios. Contudo, antes de se adentrar ao mérito da questão tal como posta em Juízo, há de ser examinado, neste momento, sobre a existência, ou não, de obstáculos processuais para o seu desiderato”.